B.M Garcia.


O Ventre Vermelho
Capitulo 1
Dançar é algo tão natural que agora faz parte de mim, algo que sem, não conseguiria viver, a dança é como respirar, é uma coisa que se faz com tanta naturalidade que nem precisa de esforço, apenas surge como nuvens no céu.

20 de setembro de 1992
Acabava de sair de uma festa com mais dois amigos. Estávamos em um Chevete branco, totalmente embriagados, cantando loucamente Dont Stop Belive. Ansioso para chegar, Lipe acelerou, mas Vini e eu nem percebemos de tanto cantar no tom mais alto. Olhei para Lipe com um olhar de paixão, mas acho que foi só um efeito da bebida. No momento seguinte eu estava gritando e sangrando, recebi uma panca muito forte nas pernas. Quando acordei não sabia onde estava, mas logo percebi que estava em um hospital pelos tantos tons de branco e cinza. Minha mãe e meu pai me olhando pelo vidro do quarto, minha mãe não parava de chorar e de tremer, eu fica me perguntando e imaginando o que de tão ruim tinha acontecido comigo. Os médicos entraram e logo atrás os meus pais, ainda muito abalados. Então eu cansada de pensar, perguntei o que estava havendo, eles cabisbaixos disseram: "Tentamos fazer o possível, mas infelizmente a senhorita está paraplégica." Eu ria como se tivessem contado uma piada muito boa, eles olhavam pra mim achando que eu era louca. Só quando olhei para eles e vi suas caras confusas com a minha reação, então percebi que era verdade.
Eu chorava, desisperada. Não conseguia acreditar que não poderia mais dançar, não conseguia me imaginar sem aquele figurino vermelho com pingentes dourados. Não queria pensar na possibilidade de não ser anunciada nos teatros. Não queria ter que passar um seis meses ou mais fazendo fisioterapia. Eu perguntei como ficaria a minha dança e eles disseram que eu poderia dançar logo depois que me recuperasse, mas que só poderia dançar de cadeira de rodas. Vini e Lipe, foram me visitar no hospital. Lipe se culpava e dizia que iria se matar. Vini tentava me dar força, mas logo voltava a chorar.

12 de fevereiro de 1993
Passei meses no hospital, sendo observada e fazendo fisioterapia. Os meses foram passando e o dia mais esperado desde o acidente tinha chegado, eu finalmente iria para casa.
Chegando, todos os meus amigos e familiares estavam me aguardando ansiosamente. Eu fiquei muito emocionada, pois não via eles a meses. Logo no centro estava Lipe e o mais estranho foi que o mesmo que eu senti no carro, eu estava sentindo naquele momento. Minha professora de dança do ventre estava no canto, mas se destacava pela sua roupa azul turquesa. Um pouco depois da festa, ela veio me procurar para me oferecer ajuda para dançar novamente. Eu nem pensei na proposta, não aguentaria dançar com cadeira de rodas. Só pensava em como recomeçar a minha vida, as dificuldades que eu teria que enfrentar, o que as pessoas iriam pensar quando me vissem, uma garota tão nova em uma cadeira de rodas, o preconceito, aquilo era muito novo pra mim eu eu não sabia como lidar.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­30 de agosto de 1995
Lipe e eu viviamos uma intensa história de amor, a cada dia que passava ele me incentivava a voltar a dançar e não esquecia de dizer que eu era a mais linda mulher de cabelo vermelho que existia. Eu o amava muito e ele me amava ainda mais. De vez em quando eu me pegava olhando para o meu figurino preferido e de repente batia aquela saudade.

27 de outubro de 1997
Casada! Mesmo com todos os meus problemas, Lipe não desistiu de mim. Eu queria voltar a ser totalmente feliz, marquei uma reunião com Darla, minha antiga professora de dança do ventre. E aceitei a proposta, que tinha me feito a alguns anos. Feliz com a minha decisão ela aceitou me ajudar. Os meses passaram e eu fui aprendendo a dançar novamente.

2 comentários:

  1. Omgood, o que vai acontecer com ela? Voce pode fazer ela ter alguma, doença, ia ser tão legal!!!!! Escrevam um livro pff! Eu iria ser a primeira a comprar. beijs meninas, ja amo vcs!!!!! fofas

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    1. Logo você vai saber, adorei sua ideia da doença. Hahaha, fofa. Bjs - B.M Garcia

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